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Neurofisiologia da Ansiedade part II





FISIOLOGIA DA ANSIEDADE



Como abordado na parte I do trabalho, a revisão anatômica da ansiedade é bastante importante para localizarmos sua ação da mesma sobre o Ser Vivo e na parte II abordaremos sua ação fisiológica.
No livro Bem-vindo ao seu Cérebro (Dra.Sandra Aamodt-Dr. Sam Wang) mostra o envolvimento - no processo de ansiedade - das partes anatômicas como a amídala que desencadeia a resposta de “luta ou fuga” sobre os animais, do hipotálamo, do tálamo, do cerebelo, do córtex e ainda mostra que o lobo temporal, uma das divisões do córtex, interage com a amídala e o hipocampo na ajuda para com as reações emocionais. Com todos esses processos citados, já abordados de forma sucinta no artigo de parte I, agora vamos abordar de uma forma detalhada para nosso entendimento.
Para sabermos quando nos deparamos com a ansiedade basta nos auto-observar e logo notaremos que nosso coração está acelerado, mãos suadas, tremores, frio na barriga, olhos estagnados e assim vários sintomas que deixam qualquer um desconcertante. Mas fisiologicamente como ocorre tudo isso? Como nosso corpo pode desencadear todas essas reações adversas?
A ansiedade inicia com alguma reação externa, pó exemplo você se deparou com uma cobra atravessando a rua, ou nem viu ela, foi pego de surpresa e logo todos os sintomas citados anteriormente e muitos outros se desencadearam de forma avassaladora e você já iniciou um turbilhão de pensamentos como: ela vai me picar, eu posso vir a morrer, como vou matá-la, devo correr ou gritar dentre muitos outros. Então todas essas reações resultam em impulsos nervosos que são direcionados para partes do cérebro como veremos a seguir.
 As reações que temos quando nos deparamos com algo, como o exemplo acima, nos faz produzir um potencial de ação que vai ate o tálamo, através de potenciais de ação filtra a informação recebida pelo ambiente e retransmitindo ela para as áreas sensoriais do córtex cerebral, que envolve o topo e as laterais do cérebro, e para a amídala que tem reação de lutar ou fugir da situação. Após a amídala receber o estímulo ela ativa o sistema nervoso simpático e dispara uma ordem de comando para a matéria cinzenta periaquedutal, que liga terceiro e quarto ventríloquo e que controla reações de defesa e fuga alem de coordenação dos músculos da face na expressão de medo, e para o hipocampo que armazena fatos, consolida a memória e informações. O hipotálamo também é fundamental nas reações de medo, nas respostas do organismo e na liberação de hormônios do stress, levando os impulsos nervosos para a medula espinhal em direção a porção medular da glândula supra-renal, que libera adrenalina fazendo seu corpo trabalhar mais rapidamente para sair daquela situação de risco que se encontra. O artigo, Bases Neurobiológicas da Ansiedade, pode mostrar algo mais detalhado sobre a ação da ansiedade sobre o organismo:

O hipotálamo possui um papel central em orquestrar uma resposta humoral, visceromotora e somático-motora apropriada. Esta resposta é regulada pelo eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA). O hormônio cortisol é liberado pela glândula adrenal em resposta a um aumento nos níveis sanguíneos do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), liberado pela hipófise anterior devido ao estímulo do hormônio liberador de corticotrofina (CRH) do hipotálamo. Os neurônios hipotalâmicos que secretam CRH são regulados pela amígdala e pelo hipocampo. Quando o núcleo central da amígdala é ativado, interfere no eixo HPA e a resposta ao estresse é emitida, sendo que a ativação inapropriada tem sido relacionada com os transtornos de ansiedade. O hipocampo contém receptores para glicocorticóides que são ativados pelo cortisol, e com altos níveis de cortisol circulante, participa da regulação por retroalimentação do eixo HPA, inibindo a liberação de CRH e consequentemente de ACTH e cortisol. A exposição contínua ao cortisol, em períodos de estresse crônico, pode levar à disfunção e à morte dos neurônios hipocampais. Assim, o hipocampo começará a apresentar falhas em sua capacidade de controlar a liberação dos hormônios do estresse e de realizar suas funções de rotina. O estresse também influencia a aptidão de induzir a potenciação de longo prazo no hipocampo, o que provavelmente explica o porquê da falha de memória. A atividade elevada do córtex pré-frontal também tem sido relatada nos transtornos de ansiedade. Em resumo, a amígdala e o hipocampo regulam o sistema HPA e a resposta ao estresse de uma maneira coordenada, tanto com a hiperatividade da amígdala, relacionada a memórias inconscientes estabelecidas por mecanismos de condicionamento pelo medo quanto com a diminuição de atividade do hipocampo, o qual participa no armazenamento de memórias conscientes durante uma situação de aprendizado traumático.



Esse processo quando destacado em uma ansiedade patológica, ou seja, nos transtornos de ansiedade, assim como o Transtorno de Ansiedade Generalizada, algumas áreas podem mudar drasticamente, influenciando até mesmo na anatomia dos órgãos cerebrais. Grande exemplo disso é a mudança na forma da amídala, citada no artigo Bases Neurobiológica da Ansiedade, onde a autora Ariadne menciona a anormalidade no volume da amígdala e a atividade cortical também aumentada. Nesse mesmo artigo podemos encontrar também o envolvimento da serotonina e a diferença do complexo cerebral receptor do GABA no individuo que possui tal patologia. A seguir podemos mostrar minuciosamente, na imagem, o funcionamento das substâncias GABA serotonina e noradrenalina no TAG.

Figura 1: imagem retirada do artigo Bases Neurobiológicas da Ansiedade. Extraído do livro “Tópicos em Neurociência Clínica”. Foi feita edição para alterar a linguagem engl/port.

Consideramos então que a ansiedade é uma emoção necessária para manutenção e proteção da vida dos Seres Vivos e que o processo fisiológico da mesma ajuda no funcionamento do organismo produzindo substancias que ajudam no desenvolvimento de cada individuo. Também podemos observar que ansiedade em excesso pode vir a se tornar uma patologia como o Transtorno de Ansiedade Generalizado, muito comum no dias de hoje em virtude do estresse nas áreas da vida humana, mas que com cuidados certos pode ser estabilizada. Ainda vimos como cada região cerebral pode influencia nos sintomas da ansiedade agindo contra ou a favor do Ser Vivo.




Referências Bibliográficas


Aamodt, Sandra. Bem-vindo ao seu cérebro: por que perdemos as chaves do carro, mas nunca esquecemos como se dirige e outros enigmas do comportamento cotidiano/ Sandra Aamodt, Sam Wang; tradução Mirtes Frange de Oliveira Pinheiro. São Paulo: Cultrix, 2009

Magrinelli, B. Ariadne. Bases Neurobiológicas da Ansiedade. Extraído do livro “Tópicos em Neurociência Clínica”-Elisabete Castelon Konkiewitz-editora UFGD-2009

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